Cruzeiro é uma cidade muito mais interiorana e menor do que
eu havia imaginado. Muito mais. Menos. Ruas entrecortadas em desenhos
geométricos improváveis para a expectativa estrangeira. Ruas de pedras
pontiagudas. Quebra-molas. Rupturas. Pequena o suficiente para que o diálogo
aconteça entre duas bicicletas no meio da rua a despeito dos carros.
Uma cidade fora do tempo e do espaço, escondida por entre
montanhas, incrustada, encravada, protegida por braços de um imenso gigante de
todos os lados, construída para o meu devaneio-ficção.
Grita-se ou o silêncio registra ainda o romper da copa do
dente de leão.
O chá cura melancolia e as dores de barriga. Nos quintais,
cimento e a tinta das amoras, registro de outrora.
Em uma rua, seguem-se casas em corrente, um muro em
comunhão, uma barricada contra a sorte, a solidão.
De manhã, são quase sete horas, as pessoas enfileiradas
ignoram o orvalho e o cheiro do café coado que também sua os azulejos.
Na cidade envolta pelos braços de pedra, todos querem voltar
pros braços de uma avó que cuidou de vinte netos.
Ninguém sai de Cruzeiro. Cruzeiro não sai de ninguém.
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