Descalço, toca os pés acima do chão. De voz, Elis te alcança para além do Menino Deus. E nesse sexo de anjo, me faz querer ser uma nota, apenas verbo, qualquer coisa de sublime pra te encontrar. Mas, mesmo assim, me busca, como um carro atrás do outro no asfalto, negro de varredura, como a memória de teu gesto, tenro e genuíno a rodar a cabeça em eloqüência ou cantando baixinho como quem pede desculpas ao pé da cama.
Você, no propósito, é aquele que toca o coração da princesa presa na torre, mostra-se em espinho que perfura o dedo num broto de sangue, valsinha de casamento e velório, rosa murcha do que sobrou de uma despedida. Onde sua alma vai para além da idade do que se vive no mundo dos que somente são? O que de mulher em você consegue doer a mulher que há nos outros? Em mim, sobrou só o sentir pra pouca resposta. E aqui, no plano do plano, seus dedos de unha roída plantam alguma coisa além do chão. E no escuro inevitável do ruído surdo de sua lembrança, o bonito e doído da vida se me mostram, então e em diante, pelo seu gesto, pelo seu som.
(de e em direção a Filipe Catto)
posso sentir o cheiro do som do menino deus............Ah! seu corpo azul dourado.
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