Me incomoda hoje, me dói o contraponto das coisas, o outro lado de um espelho assimétrico.
Ser dois e ser dez e ainda ser um, que proposta difícil.
E parece ser a minha proposta, a minha realização.
No caminho pra casa (casa?), o destoante já aparece nas esperas das filas de aeroporto. Uma que parece exagerar no blush, enquanto as paulistanas estão sempre e milagrosamente com as bochechas rosadas por alguma obra da natureza. E esse descompasso, esse açucarado que chega a doer no fundo da boca me traz o ridículo de coisas, de pessoas que me olham com juízos tortos, mal sabendo que as tenho como personagens com pouco viço nas estórias da vida, engrenagens faltando dentes. Esse asfalto que tomo – e que custo a tomar – se faz como um deserto e se a vista alcança longe é também porque não tem nada nem ninguém por perto, mesmo que o contrário sejam prédios de concreto e anônimos esbarrantes.
Lá, durmo quietinha, como quando sabia estarem os pais no quarto ao lado, mesmo quando uma motocicleta solitária te fazia perceber o vazio da noite. Durmo quentinha no quarto escuro e o sol de manhã vem filtrado em névoas avistadas de cima, convidando ao abrir das cortinas. Aqui, até a lua cheia me incomoda, talvez por me mostrar o mato de mim, o vazio que se despela como se estar em cima desta cama fosse o mesmo que estar por entre as árvores.
E nessas horas, nada se decide, tudo quer descolar, tudo em mim me coloca contra a parede e só o ipê, a paineira pra aliviar.
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