Eu era a própria curva do rio, ia descendo como uma chalana.
Não tinha teto, não tinha terra. Voava por cima d´água, vapor refrescando o
cabelo enrolado. Dia sim, dia não, peixes se cumprimentavam pela água escura. Mangue.
Sorte. Premonição. Tudo mergulha em si e dentro de mim como memórias postas. Meu
coração, encharcado, se cerca de céu, de vento, tentando sacudir a coisa toda de
dentro. Na chuva, une-se tudo, de cima e de baixo, sem que o próprio barquinho
pudesse representar qualquer horizonte. Frívola cauda de baleia. Cartilagem pra
roer até o fim. Gosto do sem-gosto. Sal é ouro. Faço minhas as palavras do sol,
tempo nenhum há, há um pequeno filme, feito de fotografias de histórias em
movimento na cabeça. Que cabeça?
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