Você encharca a cama. Você
encharca a cama toda. Outrora, desejo. Agora, os óleos frios da madrugada. O ranço
tentando sair pra fora. Uma nuvem paira sobre a cabeça e sublima em sal com
gosto de lágrima. Eu lamberia você, fosse necessário, pra tirar o que se
materializa de dentro pra fora. De noite, sou testemunha insone de tantos
fantasmas. Fecho os olhos pra poder ver no escuro. Sua dor, contígua, faz-me
pouca coisa de anjo. Se penetrasse em poros, transfundindo a febre, se pudesse
me realocar em você, bebendo a doença, ainda que sobrasse de você a pele oca da
cobra. A alma é água e fumaça.
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