sábado, 8 de junho de 2013

E eu passei a ficar pesada, eu voltei a ficar pesada. Pensei fosse um sonho, meu corpo leve como uma casca de cortiça. Pouca pluma dentro do travesseiro. Tudo querendo extravasar em ar, tudo murchando o ar de dentro. As partes não mais enchem as mãos como dantes: seios como fruta velha na fruteira. E as pálpebras viraram um invólucro de memórias cansativas. O que se mostra de fora passou vindo de dentro como peneira, osmose de experiências insolúveis.
Rosa, róseo, pálido, tons se esmaecendo como pele. E as coisas vão se indo e se esvaindo, descolorindo o que de bom pensava-se ter se acumulado em algum lugar. Fotografias, assim como as memórias, também amarelam.
Eu, é pena, tenho perdido confiança em mim mesma.
Triste como aquele, obsessivo compulsivo, que checa as gavetas incontáveis vezes.
Os sapatos, os livros dentro do carro, o fio dental dentro da bolsa. As circunstâncias que desperdiço.
A agenda da agenda da agenda. O relógio do relógio do relógio.
Damn it!
Perde-se a juventude, perde-se o impulso. Saber para quê, se o que importa é o arriscar-se. Hoje acordaria menos sabedora de coisas, hoje queria ser uma coisa branca sem inscrição, sem mancha, sem falha. Pudera desaprender tudo.