sexta-feira, 21 de setembro de 2012

jardim


Uma pluma. Folha seca que repousa sem barulho. Fuligem sem perigo. Dente de leão lentamente no ar. Um sopro. Entre o ar e a pequena partícula. Partitura de uma única música que toca repetidas vezes ao longe. Deita uma luz sobre as encostas de uma cidade por cima do morro, um lugar que só existe porque estamos lá pra ver. Nowhere.
Soft as a petal, she keeps asking: have you ever, haver you ever…? And I’m willing to answer, yes, yes...
De noite, o metálico dos cheiros preenche tudo de uma presença como se percebida adiante, uma lembrança que se faz antes de virar lembrança. E, por vezes, o que deita suave, menor do que areia e pólem, de rompante, se lança em redemoinhos, justamente por, de tão leve que é, não se segurar a qualquer repentina rajada de vento. E fica no meu olhar o pequeno animal se debatendo, inseto de barriga pra cima, a dor de quem se consterna com dor de criança, mesmo que aquela da injeção. Mas o vento que traz é o mesmo que leva e deixa em mim o que é bonito de doer. E a memória das minhas mãos sente que o pássaro que amedronta é o mesmo que se quer proteger.

terça-feira, 11 de setembro de 2012

so she comes to me, she takes me (by the hand), it is dark, we're under a tree, she confesses me, she's so young, she's pure, I'm not, she takes care, she's the careful one, she shines, it was dark under that tree

Jeremy Irons is as old as he's ever been...
there's no getting over
to be buried on a mountain is like being floating
life's so rare

terça-feira, 4 de setembro de 2012

lights

O dia já tinha amanhecido quando se ouviu o quebrar de garrafas (verdes) lá em baixo. Não sei mesmo se acordara com o som da arruaça ou, me antevendo, fui despertando pra ser testemunha daquele alvoroço.
Era comum se acordar cedo, mas, naquele dia, a tenra madrugada de outrora se tornara peso morto sobre os ombros. Febril pareci durante a noite entre os pensamentos de pensamentos. Meio do caminho de não-sensações.
Tantas arquitetações para coisas de sem-fim. Haveria de ter um vestíbulo para certas situações na vida, um momento de prefácio, uma pré-estreia pra se decidir querer ou não entrar. (Decisão...). Mas, de atropelo e ladeira, desconsiderou-se que pudesse haver um pouco de prudência no viver. (Prudência...).
E o romper de estilhaços e vozes mudas antes poderia trazer susto, medo, palpitação, agora, me fazia era um quereloso de não poder estar entre os mesmos fanfarrões.

pensosintopenso