quinta-feira, 5 de setembro de 2013

O cotovelo em cicatrizes do velho limoeiro de folhas espaçadas tocava o vidro espesso da janela em som atonal. Na fachada de cal descascado da casa, a única lâmpada de 40 watts pendurada lembrava de um escuro maior do que o da noite em volta.
O muro baixo, o alpendre. Cor nenhuma. Passava-se pela rua em contorno, não se via quem desligava ou acendia a luz velha.
O velho limoeiro não sabia mais ser um limoeiro, tão longínquo em seus frutos. O velho limoeiro só sabia ser o som que produzia, a única coisa na noite escura que vivia.