terça-feira, 2 de setembro de 2014

Cruzeiro é uma cidade muito mais interiorana e menor do que eu havia imaginado. Muito mais. Menos. Ruas entrecortadas em desenhos geométricos improváveis para a expectativa estrangeira. Ruas de pedras pontiagudas. Quebra-molas. Rupturas. Pequena o suficiente para que o diálogo aconteça entre duas bicicletas no meio da rua a despeito dos carros.
Uma cidade fora do tempo e do espaço, escondida por entre montanhas, incrustada, encravada, protegida por braços de um imenso gigante de todos os lados, construída para o meu devaneio-ficção.
Grita-se ou o silêncio registra ainda o romper da copa do dente de leão.
O chá cura melancolia e as dores de barriga. Nos quintais, cimento e a tinta das amoras, registro de outrora.
Em uma rua, seguem-se casas em corrente, um muro em comunhão, uma barricada contra a sorte, a solidão.
De manhã, são quase sete horas, as pessoas enfileiradas ignoram o orvalho e o cheiro do café coado que também sua os azulejos.
Na cidade envolta pelos braços de pedra, todos querem voltar pros braços de uma avó que cuidou de vinte netos.

Ninguém sai de Cruzeiro. Cruzeiro não sai de ninguém.

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