sexta-feira, 21 de setembro de 2012

jardim


Uma pluma. Folha seca que repousa sem barulho. Fuligem sem perigo. Dente de leão lentamente no ar. Um sopro. Entre o ar e a pequena partícula. Partitura de uma única música que toca repetidas vezes ao longe. Deita uma luz sobre as encostas de uma cidade por cima do morro, um lugar que só existe porque estamos lá pra ver. Nowhere.
Soft as a petal, she keeps asking: have you ever, haver you ever…? And I’m willing to answer, yes, yes...
De noite, o metálico dos cheiros preenche tudo de uma presença como se percebida adiante, uma lembrança que se faz antes de virar lembrança. E, por vezes, o que deita suave, menor do que areia e pólem, de rompante, se lança em redemoinhos, justamente por, de tão leve que é, não se segurar a qualquer repentina rajada de vento. E fica no meu olhar o pequeno animal se debatendo, inseto de barriga pra cima, a dor de quem se consterna com dor de criança, mesmo que aquela da injeção. Mas o vento que traz é o mesmo que leva e deixa em mim o que é bonito de doer. E a memória das minhas mãos sente que o pássaro que amedronta é o mesmo que se quer proteger.

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