quinta-feira, 18 de outubro de 2012

De cabelos molhados numa manhã de quinta-feira. Só ele, na verdade. Ela, de longos secos. Teriam passado a noite juntos, agora se bebericavam, se apoiando um no outro no metrô. Mais de quarenta, os dois. Ela deixa escapar aos meus ouvidos um pouco distantes as entonações de um sotaque anasalado, atestando a procedência desses interiores, como se, antes, pelas vestes em laços, quase franjas, e unhas coloridas por escapar das sandálias, não fosse possível a mesma conclusão. Felizes, enamorados de pouco, com certeza. Suaves, quase sem chamar a atenção das sonolências em volta. Ele, querendo ser homem, se projetando no que fosse protegê-la das curvas do trem. Ela, quase uma menina-velha, de cotovelinhos se juntando em direção ao peito dele, não fosse pela discreta malícia de escorregar a língua pra dentro da intenção dele na parada da penúltima estação.

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