quinta-feira, 31 de outubro de 2013

Gotículas penduradas.
Melhor eu mudar de emprego, de profissão, porque a porteira se abre, vem a enxurrada – já a escuto adiante.
Orvalho se dissolve, coisas pequenas passam a não ser, tão intensa é a água que está por vir.
Em verdade, já chegou. Em verdade, já se anunciou. Prenúncio na boca da madrugada.
Ontem, ela me chamou. Sedutora. E eu já embebida de lágrimas e repetição. Não fosse a obrigação, não fosse um lampejo de lucidez (?), de saber que preciso bater o ponto, de saber que há prazos sobre a mesa, sobre a cabeça, elevadores em incessante desce e sobe, não fosse o duro dos dias, teria me entregado em noite-solidão.
É romântico se entregar. É bonito doer.
Mas me agradece o passo adiante. O passo cotidiano. Saber haver outras palavras, outras que não amor, dor. Outras, esperando ser escritas: “inadmissível a modificação do julgado, por meio de embargos de declaração”.
E saber é não ser. Fingir ignorar.
(Continuar nem sempre é continuar)

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