sexta-feira, 17 de outubro de 2014

Você encharca a cama. Você encharca a cama toda. Outrora, desejo. Agora, os óleos frios da madrugada. O ranço tentando sair pra fora. Uma nuvem paira sobre a cabeça e sublima em sal com gosto de lágrima. Eu lamberia você, fosse necessário, pra tirar o que se materializa de dentro pra fora. De noite, sou testemunha insone de tantos fantasmas. Fecho os olhos pra poder ver no escuro. Sua dor, contígua, faz-me pouca coisa de anjo. Se penetrasse em poros, transfundindo a febre, se pudesse me realocar em você, bebendo a doença, ainda que sobrasse de você a pele oca da cobra. A alma é água e fumaça.

Nenhum comentário:

Postar um comentário